New Amazonias Music - NA Music

Em sua estreia solo, Allan Carvalho une influências locais com a música do Brasil e do mundo

Em sua estreia solo, Allan Carvalho une influências locais com a música do Brasil e do mundo

“Eu mandei fazer uma bandeira de ouro amarela/para hastear quando for mês de junho/verão”, diz a letra da toada de boi em homenagem a Mestre Cardoso e ao Arraial do Pavulagem. Bandeira que abre caminho. Anuncia chegadas e abençoa partidas na faixa de abertura de “Oura”, álbum de estreia de Allan Carvalho. Carregada de simbolismo, a canção dá título ao disco e exalta as raízes musicais do artista.  Pede passagem à cultura popular para trilhar outra jornada. Pede luz para ver “os raios brilhantes” de sua bandeira de ouro a iluminar as tessituras sonoras costuradas no disco, cujo lançamento será neste final de semana. Primeiro, no dia 19, ao vivo pela Rádio e TV Cultura, às 11h; e no dia 20, no Espaço Cultural Apoena, a partir das 22h.

 

“Eu quis iniciar com a tradição de uma toada de boi-bumbá apontando para o futuro, pela singeleza dos meninos. Por isso os trouxe para o CD, de cara, na primeira canção. É uma forma política de entoar uma sonoridade tradicional no meio de uma de tendências descartáveis no mercado”, explica o compositor paraense, que canta ao lado dos filhos Heitor, 13; e Hermeto, 5 anos, na música. O mais novo, ao tentar pronunciar a palavra ouro, acabou ajudando a cunhar o nome do álbum.

 

A toada prepara o ouvinte para um diálogo com a cidade e sua confusão de sons e olhares. No decorrer de nove composições, Allan faz sátiras das modas radiofônicas e televisas, alfineta a indústria de massa, posiciona-se contra as armadilhas do mercado e à intolerância do mundo. Inspira-se na poesia de ontem e de agora para absorver toda a forma de arte e apresentar sua própria versão. Mas, sobretudo, faz um disco que canta o amor. O cafona, o brega, o que dilacera e alucina. O clichê. O amor em todas as suas possibilidades.

 

“Tento encontrar, no meio das minhas produções com outros parceiros (do fazer tradicional), uma outra forma de olhar o meu lugar e seus fenômenos. Encontrei nesta forma mais solta de compor e olhar, me debruçando sobre o modo descartável das modas, porém necessários de investigar, uma saída, uma fresta… E não podia deixar de tirar uma onda com esse modelo massivo.  Usei desses esquemas pra criar uma FM paralela em minha música, com letras leves, especialmente sobre o amor, com ritmos – inclusive ‘inventei’ uns- bem badalados deste circuito”, explica o artista.

 

Da canção de abertura, o trabalho segue com a brega-rock “Tá Russo”, que traz inserções de Menudos até Arrigo Barnabé.  “Ela dá uma alfinetada na comunidade artística que se sujeita ao modismo, vendendo a aura ao capeta capital”, comenta o artista. Na sequência, a tango-bossa “Que Brega É Você?” narra o drama de uma personagem cafona às voltas ao ter de admitir que o amor é maior que seu status e intelecto.

 

No bilhete amoroso, com toque anos 80, “Corticoide”, declarações e entrega. Na balada “Sei Lá, Entende?”, o romance e o desespero para manter sempre pulsando o afeto estão presentes na carta de amor à mulher, Aninha Moraes.  O romance também marca “Vai”, balada com cara de trilha sonora de novela das sete. “Vem pra falar de um amor escondido, proposto a viver num paralelo mundo afora”, completa o músico. Em “Tudo”, o artista canta a devoção amorosa, capaz de tudo pelo outro. E, para falar novamente sobre amor, há “Tchê-Tchê-Tchê”, em uma levada reggae-axé music, o peso da oralidade na letra em citações musicais e poéticas, com inserção das vozes de Manuel Bandeira e Ronaldo Silva.

 

Clima coletivo e de amizade

 

“Oura” começou a ser produzido em 2010, de forma independente. Com apoio de amigos e familiares, além do estudio da Gravadora Na Music e Rede Cultura de Comunicação. Quando já estava nas etapas finais o  trabalho foi contemplado no edital 2015 de projetos artísticos do Programa Seiva, da Fundação Cultural do Pará. Era o que faltava para completar a festa.

 

“Profissionais do meio artístico, produtores, familiares, amigos de longa data e os mais recentes, que contribuíam com seus trabalhos e recursos para que o CD nascesse. Amizade mesmo! Isso tornou o caminho mais tranquilo, embora duradouro”, comenta Allan. Com a amizade, ele encerra o disco cem “Tá, meu bem?”, canção-bandeira em defesa dos amigos gays. um funk-sumba em homenagem a todas as formas de amor.

O Oura é mais um dos excelentes CDs do catálogo da Na Music, uma gravadora voltada para as sonoridades da Amazônia.

 

 

Serviço:

Lançamento do disco “Oura”

Dia 19 de fevereiro, às 11h, pela Rádio e TV Cultura, canal 2

Dia 20 de fevereiro, no Espaço Cultural Apoena (Av. Duque de Caxias n°450), a partir das 22h.

Valor do ingresso: R$ 10 + 1kg de alimento não perecível

Valor do disco: R$ 20

 

.Yorranna Oliveira

DRT- Pa 2183
(91) 99243-8918

 

Seu comentário


Translate »